Fumar Faz Mal aos Olhos

Fumar Faz Mal aos Olhos Hospital de Olhos Curvelo

 

Associado à imagem de glamour no passado, o cigarro é apontado hoje como um dos principais inimigos da saúde. Conheça os efeitos do vício sobre sua capacidade visual.

“Sua visão pode piorar com o cigarro na terceira idade”. Um alerta como esse deveria ser incluído nas mensagens impressas nos maços de cigarro sobre os perigos do tabaco para a saúde. Além de ser a causa de vários tipos de câncer e muitas vezes contribuir para o infarto do coração e para o desenvolvimento de outras doenças vasculares, o fumo pode provocar sérios problemas oculares.

Um estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, realizado em 2006, concluiu que os fumantes correm duas vezes mais risco de ficar cegos ao desenvolverem a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI). E a chance de sofrerem de DMRI é duas ou três vezes maior em comparação com quem não fuma. Além disso, os fumantes apresentam risco duas vezes maior de ter Catarata, afirma o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares (IMO) de São Paulo. “Por isso, defendemos a idéia de que os maços de cigarro deviam estampar também essas advertências”, defende Centurion.

O médico Juan Carlos Sanchez Caballero, do IMO, especializado em oftalmologia geral, retina, catarata e estrabismo, explica que os efeitos maléficos do tabagismo também estão associados à queda das pálpebras, que provoca uma diminuição do campo visual, e ao aparecimento da oftalmopatia de Graves, doença que apresenta como sintomas retração da pálpebra e sensação de corpo estranho na vista.

Problemas aparecem na Terceira Idade

“Quem fuma tem muitos problemas de visão, principalmente a partir dos 60 anos de idade”, diz Rubens Belfort Jr., professor titular de oftalmologia e presidente do Instituto da Visão da Unifesp.

Não está provado que o fumante, ou quem vive com ele, terá problemas de visão, mas existem evidências de que, quanto maior a proximidade do cigarro e mais intensa a aspiração da fumaça, maior será o risco de desenvolver problemas oculares ao chegar na Terceira Idade. “A fumaça do cigarro tem efeito irritativo na parte da frente do olho, principalmente na conjuntiva e na córnea. Isso faz com que os indivíduos idosos, que produzem menos lágrimas, sejam muito mais sensíveis e alérgicos”, completa Belfort.

DMRI

A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) se constitui, hoje, na principal causa de cegueira legal no mundo ocidental, em faixas etárias superiores a 50 anos. “Na medida em que aumenta a expectativa de vida das pessoas, aumenta também a incidência da DMRI no contexto da população geral”, explica Caballero. Um estudo epidemiológico realizado nos Estados Unidos entre 2005 e 2006 – Framinghan Eye Study – mostrou que 5,7% dos pacientes examinados, com idade superior a 52 anos, apresentavam diagnóstico de DMRI e que a manifestação dessa doença aumentava significativamente com o avançar da idade, observando uma prevalência de 28% em indivíduos com mais de 75 anos. Fumantes, por exemplo, têm mais propensão à DMRI porque o cigarro acelera a oxidação do organismo e favorece a formação de drusas, que são acúmulos de substâncias nas camadas mais profundas da retina. “Esse problema se desenvolve a partir de alterações circulares e do envelhecimento na parte da retina chamada mácula, parte do olho diretamente ligada ao sistema nervoso central, onde a visão é processada”, diz Centurion.

Já Belfort acredita que, provavelmente, o fumo provoque a diminuição de mecanismos antioxidantes. “Termina assim por ‘intoxicar’ a retina.” A mácula é a região central da retina onde são definidas as formas, cores, rostos e também a leitura. E toda a retina tem origem no tecido nervoso, sendo que suas células não se regeneram nem se multiplicam.

Auto-exame

Rubens Belfort alerta: a maioria dos pacientes procura o oftalmologista quando a Degeneração Macular já está avançada. Para evitar esses riscos, deve-se observar a qualidade da visão freqüentemente. “O auto-exame de retina é essencial para que a pessoa mantenha a saúde da visão em dia”, diz.

É possível avaliar a saúde dos olhos no dia-a-dia. Com os óculos mais atualizados, deve-se tampar um olho e depois o outro. Primeiro, deve ser observada a qualidade da visão para distâncias maiores, como enxergar placas de carro ou ler a legenda de um filme. Também é preciso avaliar, com o mesmo procedimento, as condições dos olhos para leitura ou na execução de trabalhos manuais.

Se houver alguma alteração, como visão borrada, distorções na forma ou mancha central, é indicado consultar um oftalmologista o quanto antes.

Catarata

Há uma ligação direta entre o cigarro e a Catarata. “Diversos estudos científicos apontam que, quanto mais alguém fuma, maior a possibilidade de essa pessoa desenvolver Catarata”, explica o Caballero, do IMO.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios revelam que cerca de 20% da população brasileira com 25 anos ou mais é fumante, por isso a incidência de Catarata tende a crescer no país. “O Brasil faz apenas 400 mil cirurgias de Catarata por ano (somando o Sistema Único de Saúde – SUS – e o sistema privado). Para atender a demanda, deveriam ser realizadas 800 mil”, acredita Caballero.

À medida que a Catarata avança, a visão vai ficando progressivamente mais turva e embaçada, prejudicando as atividades mais comuns, tais como a leitura, o caminhar ou até assistir TV. “Nos casos extremos, a queixa óbvia é a perda da visão útil. Não são raros os casos de pacientes mais idosos que sofrem quedas e fraturas sérias devido à visão prejudicada pela Catarata”, informa o oftalmologista.

Morte evitável

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1,2 bilhão de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres), seja fumante. Pesquisas comprovam que aproximadamente 47% de toda a população masculina e 12% da população feminina no mundo fumam. Enquanto nos países em desenvolvimento os fumantes constituem 48% da população masculina e 7% da população feminina, nos países desenvolvidos a participação das mulheres mais do que triplica: 42% dos homens e 24% das mulheres têm o hábito de fumar.

O total de mortes devido ao consumo de tabaco atingiu a cifra de 4,9 milhões anuais, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. Caso as atuais tendências de expansão do seu consumo sejam mantidas, esses números aumentarão para 10 milhões de mortes anuais por volta do ano 2030, sendo metade delas em indivíduos em idade produtiva, entre 35 e 69 anos.

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Fonte: 20/20 – Bartira Betini

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